domingo, 3 de outubro de 2010

Livre

Depois de desapareceres, senti-me inteiramente em paz. Não me atormentavam sentimentos de piedade ou de preocupação a teu respeito. Sentia-me feliz por estar sozinha. Corria alegremente pelo prado cantando uma melodia. A minha voz era absolutamente maravilhosa e queria que as pessoas me ouvissem ao longe, em baixo, na cidade. Embora não conseguisse avista-la, eu conhecia-a. Ficava distante, num plano muito abaixo daquele em que me encontrava, e era cercada por uma alta muralha. Um local admirável, difícil escrever por palavras. Não era propriamente oriental, ou medieval . Era, sucessivamente, uma coisa e outra. Em todo o caso, tratava-se de uma cidade há muito irremediavelmente desaparecida. Inexplicavelmente, encontrava-me de novo no prado, deitada ao sol, muito mais bela do que na vida real. Livre.

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